O Sindipetro PE/PB é o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Petróleo e Gás Natural dos Estados de Pernambuco e Paraíba, filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP) e à Central Única dos Trabalhadores (CUT). A entidade sindical busca amparar a força de trabalho do setor e empenha esforços de mobilização social e política a favor da dignidade das trabalhadoras e trabalhadores, do desenvolvimento industrial sustentável através de uma transição energética justa e da soberania nacional.

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22 anos de dedicação dos trabalhadores e trabalhadoras da Transpetro

Texto: João Lucas Gama

            A Transpetro foi criada no dia 12 de junho de 1998 por força da Lei nº 9.478/1997. “O art. 65 dessa Lei estabeleceu que a Petrobrás deveria constituir uma subsidiária com atribuições específicas de operar e construir seus dutos, terminais marítimos e embarcações para transporte de petróleo, seus derivados e gás natural”, como mostra o estudo técnico A Importância da Transpetro Para a Petrobrás e para o País, produzido pelo consultor legislativo da Câmara dos Deputados, Paulo César Ribeiro Lima, em parceria de Homero Pontes, candidato eleito (em fevereiro deste ano) para o Conselho Administrativo da Transpetro. Assim, nasceu a subsidiária, como uma empresa de atuação global que opera, de forma integrada, cerca de 14 mil quilômetros de oleodutos e gasodutos, 47 terminais e mais de 50 navios. Na última sexta-feira (12) a subsidiária completou 22 anos. Porém, apesar de toda a contextualização feita até agora, não é da sua natureza jurídica, da história burocrática por trás da sua criação e nem, tão pouco, das suas unidades operacionais e cadeia logística que este texto busca tratar; pelo menos não diretamente.

            Não! A matéria a seguir trata de algo muito mais importante e sem o qual a estatal jamais existiria: seus trabalhadores e suas trabalhadoras. Não se pode contar a história de uma empresa, sem falar sobre as pessoas que se dedicam, dia após dia, para construí-la, operá-la e fazê-la chegar aonde deve chegar.

            Para algumas dessas pessoas, a oportunidade de trabalhar no Sistema Petrobrás veio quase como que uma surpresa, uma chance que bate na porta, em busca de quem aceite o desafio. É o caso de Adelma Alves (40), que atua como técnica de manutenção do Terminal Aquaviário de Suape (TA Suape), em Pernambuco. Adelma entrou para o quadro de funcionárias da empresa em 2010. Naquele ano, mais de 300 pessoas ingressaram na empresa junto com ela. “Nunca havia pensado nessa possibilidade, porém havia acabado o curso de Licenciatura em Física e não consegui nenhuma oportunidade na rede privada, então comecei a estudar para concurso público, foi quando me falaram do concurso da Transpetro”, relata a petroleira. Segundo ela, foram os benefícios do emprego que mais lhe chamaram a atenção; “como também tinha o curso técnico resolvi fazer a prova”. A aprovação foi rápida, mas passaram-se quatro anos até que a convocação viesse. “Nem acreditei quando minha mãe me ligou dizendo que chegou o telegrama”.

            Diferente de Adelma, outros de seus colegas sempre alimentaram o desejo de ser um petroleiro. É o caso de Elpson Fonseca (48), técnico administrativo do Terminal Aquaviário de Cabedelo. Funcionário da Transpetro desde 2001 e oriundo do quadro de mar da empresa, diz que sempre quis navegar e fazer parte de uma tripulação, mas por problemas de saúde foi reabilitado para o quadro de terra. Assim como ele, tantos outros nutriram desejos semelhantes por razões distintas, como o técnico administrativo da Base João Pessoa (PB), Herbert de Luna Soares (36) e Manoel Andrade (46), técnico de operação pleno do TA Suape. Desde a época de estudantes, ambos já projetavam este emprego nos seus planos. “Minhas expectativas profissionais, por ocasião da inscrição no concurso público, eram principalmente ser um profissional valorizado na empresa e ter uma remuneração satisfatória. Essas expectativas foram atendidas” revela Herbert.

            Entre os que sonharam trabalhar no Sistema Petrobrás e aqueles que aproveitaram o momento certo, duas coisas são unânimes: o desejo por estabilidade profissional e financeira, bem como a busca pela valorização do próprio trabalho. É só durante o treinamento e o exercício dos seus respectivos ofícios que os petroleiros e as petroleiras começam a vislumbrar a real dimensão das suas funções e do que elas representam para o país. Andrade, por exemplo, percebeu o papel social da sua profissão durante o curso de formação oferecido pela Transpetro. “Quando visitei alguns terminais e refinarias eu vi o quão importante são essas empresas no desenvolvimento da nação e como são agentes transformadoras da vida das pessoas que estão direta, ou indiretamente ligadas a elas”, comenta o técnico de operação. Para ele, as empresas do Sistema Petrobrás “devem agir não só como produtoras e fornecedoras de petróleo e derivados, mas também cumprir com a função social de levar desenvolvimento, gerando renda e empregos”.

            Mas o trabalho dos profissionais da Transpetro não se restringe unicamente a levar desenvolvimento. Por utilizar máquinas pesadas em áreas industriais, o ofício dos petroleiros acaba sendo de alto risco. “O que eu faço pode evitar um acidente que alteraria a vida de pessoas. Todo mundo quer voltar para casa seguro e meu trabalho tem que ser bem feito para garantir isso”, diz Adelma.

            Entretanto a atenção redobrada dos profissionais que estão na linha de frente das unidades operacionais nem sempre é suficiente para garantir a segurança física dos companheiros e companheiras. “Aqui eu contribuo da melhor forma possível para que as coisas andem da maneira correta”, diz Elpson, que apesar de exercer uma função administrativa, possui formação como técnico em Enfermagem e graduação em Segurança do Trabalho. Costumeiramente ele alerta para falhas de segurança no terminal em que atua. “A gente sabe que rolam muitos empecilhos, gerências despreparadas, supervisores despreparados, entre várias coisas erradas que a gente vê e eles se fazem de cegos. É complicado. Muitas coisas ficam só no papel. Isso é uma grande desmotivação”.

            O problema da falta de segurança no ambiente de trabalho não afeta apenas os corpos dos funcionários, mas também suas mentes. Elpson revela que enfrentou sérias dificuldades ao longo dos seus 19 anos de empresa. Ele ficou viúvo há cinco anos atrás e passou a cuidar sozinho do seu filho, que mora com ele no município Cabedelo (PB). Poucos meses após perder a sua companheira, ele foi um dos incontáveis trabalhadores que sofrem com as transferências compulsórias. “Minha esposa faleceu no mês de janeiro e, em março, a empresa me colocou para trabalhar no Rio de Janeiro”, lembra o petroleiro. “Foi um transtorno enorme, perder minha esposa e ser mandado para longe do meu filho. Tive que entrar na justiça e ainda cheguei a trabalhar por um mês na sede da Transpetro, no Rio. Foram momentos superdifíceis para mim. Nunca recebi um telefonema de um assistente social, ou de uma psicóloga. Eram só cobranças e ameaças”. Outros tantos profissionais já se viram em situações semelhantes e são obrigados a reformular suas vidas devido à arbitrariedade dos gestores. Alguns se apoiam na família, outros preferem o exercício da resiliência, mas eventualmente todos enfrentam momentos de fragilidade e tantas vezes o fazem sozinhos.

            Todo petroleiro e toda petroleira sabe que a vida neste ofício não é fácil; ainda assim, encontram algo do que se orgulhar, ou no qual vale a pena buscar forças para seguir em frente na luta. “Meu trabalho é parte de mim”, diz Adelma, “ele me deu independência, me mostra que sou forte. Para uma mulher as decisões sempre são tomadas com bastante cautela. Passei por uma separação há 4 anos atrás, com uma filha de 3 anos de idade, e foi fundamental ter esse trabalho para que eu segurasse minha decisão, pois sabia que teria condições de assumir os meus custos e de minha filha. Tenho orgulho disso, tenho orgulho do meu trabalho e minha filha tem orgulho da mãe que tem. Pude mostrar a ela que a gente tem que se dar o valor primeiro”.

            “Orgulho meu é participar do sindicato”, diz Elpsono, que desempenha o papel de delegado sindical no TA Cabedelo. Apesar das dificuldades que encontrou e que ainda enfrenta em seu trabalho, ele diz se sentir honrado por “tentar ajudar os colegas de trabalho de alguma forma, visando sempre o melhor aqui na empresa, para a gente, para nossa segurança e tudo mais”. Esse sentimento é compartilhado por outros companheiros e companheiras; como por Herbert, que atua como diretor sindical na Base de João Pessoa. “Desde quando comecei a estudar, no ensino médio, os pilares da história trabalhista e de sua interface com o sindicalismo, passei a ter ciência da importância das entidades sindicais para a manutenção do equilíbrio econômico e social dos trabalhadores”, comenta. “Decidi ingressar no SINDIPETRO-PE/PB por ser altruísta e poder realizar ações pensando no bem-estar dos demais colegas de trabalho”.

            Já Andrade, que também é diretor do Sindipetro, no TA Suape, o interesse pelo sindicalismo se deve à atual conjuntura política do país. Ao longo de 18 anos de empresa, o técnico de operação viu o auge da Transpetro durante os 12 anos que compreenderam os governos Lula e Dilma. “Pensavam no Sistema Petrobrás da mesma maneira que eu também pensava: não só como uma empresa de petróleo, mas também como um agente desenvolvedor do país”, diz o petroleiro. No entanto, em 2016 o país enfrentou um golpe de estado que acabou por jogar o Brasil em uma onda de extrema-direita e seu projeto econômico entreguista que apequenou a empresa, promovendo demissões em massa, retiradas de direitos e privatizações de ativos da companhia. “Foi aí que vi a importância da luta sindical”, lembra Andrade. “Em outros empregos que tive, sempre participei do movimento de base, mas sentia que as direções sindicais tinham um viés muito patronal, muito passivo. Junto com a FUP e seus sindicatos eu vi a real importância do movimento sindical que existe na Petrobrás. Percebi a força que nós temos. Se eu luto por mim, eu luto por todos”.

            Andrade, Herbert, Adelma e Elpson são alguns dos 6.943 petroleiros e petroleiras, próprios ou cedidos, da Transpetro. Trabalhadores e trabalhadoras que levam mais do que combustíveis e derivados de petróleo para os lares brasileiros; levam também parte de suas vidas; seus desejos por melhores condições de trabalho, por valorização profissional, por um cargo adequado para o pleno exercício de suas capacidades… São quase 7.000 homens e mulheres que levam desenvolvimento aos quatro cantos do país e que merecem o respeito e a gratidão do Estado. Em comemoração aos 22 anos da Transpetro, o Sindipetro PE/PB homenageia o que há de melhor nessa empresa: os petroleiros e petroleiras que a constroem. Parabéns e muito obrigado!

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