Inflação com maior alta em 19 anos tem forte influência por conta da carestia nos combustíveis
A inflação de julho calculada e divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou uma alta muito acima da média para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegando a 0,96%, o maior índice mensal desde 2002. No acumulado de 12 meses esse cálculo chega a 8,99%, o que tem impactado severamente no acesso principalmente dos mais pobres aos itens de consumo básico do brasileiro, entre estes o gás tipo GLP (gás de cozinha), que acumulou 29,29% de aumento.
E se o assunto tratar especificamente dos combustíveis, logo se vê que o aumento do custo de vida tem forte influência por conta do aumento na gasolina, diesel e etanol. Os dados do IBGE apresentam uma elevação de 39,65% na gasolina, 36,35% no diesel e 57,27% no etanol, provocando uma cadeia de repasses inflacionários até o consumidor final.
Por mais que o presidente do Brasil e seus fiéis seguidores criem uma narrativa de que a responsabilidade dos constantes reajustes se dê por responsabilidade da tributação dos estados, a verdade é que a subida dos preços nos derivados de petróleo se dá por conta do preço de paridade de importação (PPI), que segue sendo o modelo adotado pela equipe econômica da presidência, para nivelar os preços dos combustíveis no país aos praticados em economias que seguem a cotação do dólar.
Na capital de Pernambuco, a inflação do botijão de gás de 13 quilos chega a 41,6%, a maior alta entre as cidades pesquisadas pelo IBGE no país.
MP da gasolina batizada
Para driblar a própria responsabilidade pela elevação nos preços dos combustíveis, o governo Bolsonaro decidiu liberar os postos para venderem combustíveis de outras marcas, independentemente da bandeira. A decisão que se dá por meio de Medida Provisória, mexe na Lei 9.478/97, alterando a tutela regulatória da fidelidade à bandeira, a MP também autoriza a comercialização do etanol diretamente entre usina e postos. Segundo o governo, isso irá aumentar a concorrência e diminuir o preço final dos combustíveis.
Bolsonaro se antecipa a divulgação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que está promovendo uma consulta pública sobre o tema. Porém, seja por uma ação da agência reguladora do setor ou pela MP do governo, o que se espera dada a precariedade na fiscalização, é o risco real de que tal liberação facilite a compra e venda de gasolina de origem duvidosa, visto que os postos não terão mais a obrigatoriedade de pôr em seus tanques, combustíveis distribuídos por revendedoras de bandeiras tradicionais.
A Medida Provisória não toca no que de fato está provocando a alta de preço dos combustíveis, que é o PPI. Enquanto a dolarização dos derivados de petróleo não for revertida, o Brasil que é produtor do óleo continuará à mercê do mercado internacional.