O Sindipetro PE/PB é o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Petróleo e Gás Natural dos Estados de Pernambuco e Paraíba, filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP) e à Central Única dos Trabalhadores (CUT). A entidade sindical busca amparar a força de trabalho do setor e empenha esforços de mobilização social e política a favor da dignidade das trabalhadoras e trabalhadores, do desenvolvimento industrial sustentável através de uma transição energética justa e da soberania nacional.

Sindipetro PE/PB
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Petroleiros de Pernambuco e Paraíba aprovam instauração da Greve

Texto e fotos: João Lucas Gama

Entre os dias 25 de fevereiro e 4 de março, foram realizadas 14 assembleias gerais extraordinárias onde os petroleiros de Pernambuco e Paraíba deliberaram acerca da instauração de uma greve e de um estado de assembleia permanente. Na manhã de ontem (4), aconteceu a última votação prevista, referendando ambos os pontos de pauta. A categoria agora espera que seja estabelecido o dia de início da paralisação por tempo indeterminado, que será construído horizontalmente junto às bases durante o seminário de qualificação de greve (que será realizado de maneira remota, através da plataforma Meet).

“Iremos submeter [a decisão] a uma reunião da diretoria, como consta no edital de convocação das assembleias”, aponta Rogério Almeida, coordenador geral do Sindipetro PEPB, “Nos próximos dias, estaremos nos reunindo para definir a data de início da greve, greve essa que é importante para toda a categoria petroleira para reivindicar seus direitos e, ao mesmo tempo, levantar as bandeiras de luta contra os altos preços dos combustíveis, pelo fim do PPI e também contra a entrega das refinarias (que irá encarecer ainda mais os combustíveis)”, continua o sindicalista.

A nova Greve dos Petroleiros começa a se consolidar em um momento crucial para o país e para o Sistema Petrobrás. Com o processo de privatização de 50% da capacidade de refino do país caminhando a passos largos, diante da entrega da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) ao fundo de investimentos árabe, Mubadala, por um preço inferior à metade do seu real valor de mercado; além da recente alta nos preços dos combustíveis (que já sofreram 5 reajustes apenas este ano) como consequência da política de Paridade de Preços de Importação (PPI) – triste herança do Governo Temer – e a recente queda do presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, em resposta a este processo.

Somado a tal cenário, a indicação do General Silva e Luna (que deverá substituir Castello Branco), lança sobre o Sistema Petrobrás uma forte dúvida: irá o Governo Federal intervir na política de preços da estatal, rompendo com lógica neoliberal de Paulo Guedes e criando subsídios para os preços de combustíveis, ou a indicação de um militar representa apenas mais um passo no projeto antidemocrático do chefe do executivo, aparelhando a maior empresa brasileira aos interesses dos militares (que já possuem mais de 6.000 representantes em todos os níveis da administração pública e já chefiam 16 empresas estatais estratégicas)?

Em consonância ao cenário da política nacional, os petroleiros e as petroleiras também denunciam o sucateamento das condições de trabalho na empresa, a redução dos quadros profissionais e o descumprimento de normas de segurança que colocam em risco a vida dos trabalhadores. “É muito importante a participação da categoria”, conclui Rogério Almeida, “convocamos agora os trabalhadores a se manterem mobilizados e unirem-se em diversos atos que estaremos realizando ao longo das próximas semanas”.

Solidariedade como arma de enfrentamento

Além dos estados de Pernambuco e Paraíba, outros cinco sindicatos de petroleiros já iniciaram suas greves, são eles: Amazonas, Espírito Santo, Bahia, São Paulo e Minas Gerais; na Bahia, especificamente, os petroleiros e as petroleiras foram os primeiros a se lançarem à luta em defesa dos empregos e da vida dos trabalhadores. Mas as trincheiras da luta contra o maior desmonte da história da Petrobrás não se restringe às portas das refinarias e unidades operacionais.

Ao longo da quinta-feira (4), sindicatos de todo o país realizaram ações solidárias, onde foram distribuídos, ao todo, 450 botijões de gás e mais de 32 mil litros de combustíveis subsidiados e vendidos a preços justos em diversas regiões do país. Só em Recife, 50 botijões de 13 kg do gás liquefeito de petróleo (GLP) – popularmente chamado como gás de cozinha – e uma tonelada e meia de alimentos agroecológicos foram distribuídos para famílias em estado de vulnerabilidade social da comunidade do Coque (zona sul do Recife).

As ações chamaram atenção de inúmeros veículos de imprensa (tradicional e alternativa), pautando o debate público a respeito das consequências do atual PPI empreendido pela Petrobrás, que acarreta enormes prejuízos para a população brasileira (acionista majoritária da estatal) em detrimento do lucro de acionistas minoritários, o que coloca uma empresa pública a serviço do mercado internacional.

Esquenta para a Greve

Na manhã desta sexta-feira (5), foi realizado um ato em frente à Refinaria Abreu e Lima (RNEST), onde foi promovido um atraso de 1h no início das operações de turno da unidade. Na ocasião, dirigentes do Sindipetro PEPB e petroleiros(as) da base dialogaram acerca do momento político enfrentado pela categoria e da necessidade de reivindicar melhores condições de trabalho na unidade, que há mais de um ano vem operando com o quantitativo de profissionais abaixo do mínimo exigido para que haja uma operação segura na planta.

Além disso, também foram debatidas as bandeiras de enfrentamento ao processo de entrega das refinarias (que também inclui RNEST no bolo das privatizações) e a urgência do fim da política de preços empreendida pela estatal desde 2016.

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