População do Recife e Região toma as ruas da capital pernambucana pedindo: Impeachment Já

Texto e fotos: João Lucas Gama

As palavras de ordem do sábado (23) não poderiam ter sido outra, se não “Fora Bolsonaro”. Diversas cidades pelo Brasil realizaram carreatas pedindo a abertura do processo de Impeachment do presidente, que já acumula mais de 60 pedidos formais. Em Recife, centenas de pessoas tomaram as ruas para realização do protesto, convocado pelas centrais sindicais e pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. A concentração teve início as 9h da manhã, em frente à antiga Fábrica Tacaruna e, as 10h30 seguiram o percurso pela Avenida Agamenon Magalhães, em direção ao bairro de Boa Viagem (Zona do Sul da capital pernambucana), que há 5 anos atrás foi o palco dos protestos de direita em apoio ao Golpe Parlamentar de 2016. Ao final do ato, foi realizado um minuto de silêncio na Praia do Pina, onde cruzes de madeira foram fincadas, em luto às mais de 215 mil vítimas do genocídio promovido por Jair Bolsonaro.

O protesto reuniu a sociedade civil, entidades sindicais, movimentos sociais e partidos políticos, que se uniram para pedir deposição do mandato de Jair Messias Bolsonaro da Presidência da República, como explicou Rosa Amorim, militante do Levante Popular da Juventude e da União Nacional dos Estudantes (UNE). “Bolsonaro vem sendo um presidente genocida que vem negando a pandemia do Coronavírus, quando, nesse momento, o Brasil já ultrapassa 200 mil mortos”, diz Rosa. Ela também chama a atenção para ausência de um Plano Nacional de Imunização (PNI), fazendo com que o Brasil, sendo o segundo maior número de vítimas da doença no mundo, fique para trás no processo de vacinação (em relação a outros países).

Na avaliação de Rosa, “uma ação unitária e coordenada nas principais capitais brasileiras demonstra uma força; principalmente porque não se trata de um ato espontâneo, mas estão sendo convocados pelos principais partidos que estão fazendo o enfrentamento necessário não só nas ruas, como também dentro da Câmara dos Deputados e demais instituições”, conclui a militante.

A funcionária pública da previdência, Ana Lígia Ferreira (60 anos) foi acompanhada da Nora e de uma amiga para a manifestação. Ela seguiu todo o trajeto de bicicleta e considera que não poderia deixar de estar presente na manifestação. “Temos que tirar essa besta fera do poder, minha gente”, brinca, “já estou a ponto de me aposentar e é lamentável que após 30 anos de trabalho e de tanta luta, eu tenha que ver gradualmente os nossos direitos sendo retirados. Temos que voltar a um governo popular, pois só o povo é quem pode governar”, conclui.

“É preciso fazermos um resgate histórico, visto que o processo de retirada de direitos já é uma continuação do Golpe de 2016”, destaca Luiz Lourenzon, diretor administrativo do Sindipetro PEPB e diretor de Relações dos Movimentos Sociais da Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE) “de lá para cá, foi promovida sistematicamente uma vasta retirada de direitos para toda a sociedade brasileira. Agora, o governo Bolsonaro, para além da retirada de direitos, está promovendo um ato nocivo de privatizações que agravam ainda mais a situação trabalhista no país”.

“A Covid-19 veio sacramentar que o Governo Bolsonaro não teve legitimidade para representar as necessidades do povo”, continua o sindicalista. Em sua avaliação, “o presidente vem a cada dia que se passa, tomando atitudes que jamais poderiam ser tomadas por alguém em sua posição”. Ele também chama a atenção para o acumulo diário de mortes e vidas ceifadas pelo Coronavírus e lamenta o sofrimento das pessoas que perderam entes queridos durante o decorrer da pandemia.

Leka Rodrigues, diretora estadual do setor de Saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PE), também demonstra profunda preocupação com o descaso que o Governo Federal tem destinado ao combate à doença. “O impacto maior é a perda de tantas pessoas; infelizmente nós do campo (principalmente assentados e acampados) sentimos muito essas perdas, pois também fazemos parte do Brasil. Necessitamos sim, e com urgência, que sejamos vistos enquanto população e a vacina precisa chegar para combater esse caos, já que não temos um governo que nos veja enquanto população brasileira”.

O descaso com as populações do campo, da floresta e das águas também preocupa a dirigente do MST, uma vez que as mesmas não são assistidas pelas políticas voltadas para a saúde da população. “Temos políticas aprovadas, mas não temos acesso a elas. É fundamental que equidade do SUS seja priorizada nesse país”, pontua.

A pandemia da Covid-19 não escancarou apenas as desigualdades presentes no campo, mas também nos centros urbanos, como diz o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, Rud Rafael. “A questão da moradia se tornou ainda mais evidente, de forma que não adianta lutarmos contra a pandemia, se não lutarmos também por uma política de moradia”, afirma. “A presença do MTST aqui hoje busca retomar um projeto de vida para o país, visto que as populações mais vulneráveis são aquelas que habitam as periferias, as áreas indígenas, quilombolas e as populações em situação de rua. Estamos aqui para reivindicar um comprometimento dos governos estaduais com a instauração de um plano de vacinação e a destituição de um presidente que não tem o menor compromisso com isso”.

A solidariedade de ambos os movimentos para com as pessoas que se encontram nas condições de maior vulnerabilidade foi algo determinante para a sobrevivência de diversas comunidades, tanto no Recife, quanto no Brasil. Só em 2020 o MTST e o MST respectivamente realizaram a doação de mais de 150 e 3.400 toneladas de alimentos.

Além da sociedade civil e representantes de movimentos sociais e sindicais, também estiveram presentes parlamentares eleitos, entre eles o vereador do Recife, Ivan Moraes (PSOL), que considera ser “fundamental que todo cidadão e toda cidadã reconheça que não temos como enfrentar a maior crise sanitária da idade contemporânea no Brasil, tendo um genocida no poder”. Ele também considera que é papel de toda a figura pública mobilizar-se e manifestar-se no sentido de dizer que não dá mais para manter o presidente no poder.  

O vereador também chama a atenção para o papel do Governo de Pernambuco no aumento vertiginoso do número de casos no estado. “O PSB não está isento de responsabilidade, o governo começou bem decretando Lockdown, mas cedeu ao capital muito rapidamente, reabrindo a economia e indo contra o próprio consórcio do Nordeste”.

A sociedade precisa de um amparo e de um governo. A deposição de Bolsonaro começa a tomar forma nesse início de ano com a força da sociedade civil organizada, que já reconheceu: “ele é nocivo para o Brasil”, como bem pontuou Luiz Lourenzon.

No sábado, dia 23 de janeiro de 2021, temos mais de 215 mil motivos para o Impeachment. Sabe-se lá quantos teremos nos dias que ainda virão.

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