Três vezes mais forte, o povo gritou: Fora Bolsonaro!
Texto: João Lucas Gama
Fotos: João Lucas Gama e diretoria do Sindipetro PEPB
Numa manhã de chuva, centenas de milhares de pessoas enfrentaram uma pandemia mortal e deixaram suas casas, rumo ao centro do Recife, onde se concentraram para protestar contra um governo genocida que nesse mesmo dia, atingirá o nefasto número de 500 mil vidas ceifadas. Este foi o cenário que pôde ser visto nas ruas da capital Pernambucana, neste sábado, dia 19 de junho – quando incontáveis cidades brasileiras darão continuidade à jornada de luta, iniciada no último dia 29 de maio, exigindo a saída do governo Bolsonaro, que por incompetência ou sadismo, tem condenado a população à fome, à pobreza, ou à morte.
“Na história da humanidade, nunca conseguimos grandes rupturas, nem conquista de direitos, sem que houvessem pessoas reunidas em grandes quantidades nos espaços públicos e visíveis”, destacou o vereador do Recife, Ivan Moraes (PSOL), que destacou a importância da mobilização popular os avanços na caminhada por direitos e contra o autoritarismo, chamado atenção para a urgência da deposição do atual presidente da república. “A gente tem um governo que tem sido responsável por muitas mortes, quando boicota as vacinas e gasta dinheiro com medicamentos que não tem eficácia comprovada cientificamente. A cada dia que passa no poder, Bolsonaro mata mais gente”.
“O povo já perdeu a paciência e não aguenta mais a incompetência do governo”, complementa Diego Liberalino, Secretário Adjunto de comunicação do Sindipetro PEPB. “São 500 mil mortos no Brasil e mais de 100 e-mails da Pfizer que não foram respondidos [pelo governo]”, como revelou as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada no Senado para investigar os indícios criminosos (já tão visíveis) na atuação do Governo do Federal durante a condução da pandemia no país. “Enquanto isso”, continua o sindicalista, “o povo está passando fome e desempregado. É hora de ir para as ruas para derrubar esse governo”
Na condução da pandemia, Jair Messias Bolsonaro encontrou diferentes maneiras de acabar com a vida dos brasileiros e das brasileiras. Para além do número de óbitos – o segundo maior do mundo (em números absolutos) e a maior taxa de mortalidade por Covid-19 do planeta, o presidente arrastou o país inteiro para o abismo, gerando uma crise econômica sem precedentes, com altíssimas taxas de desemprego (14,7% da população em idade de trabalhar, ou 14,4 milhões de pessoas) e informalidade de trabalho (39,6%, ou 34 milhões). Esses números correspondem às maiores taxas já registradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde o início da série histórica iniciada em 2012.
Tais dados corroboraram com o crescimento da pobreza, que já registra 14,5 milhões de brasileiros e brasileiras vivendo em extrema pobreza, segundo dados do Cadastro Único do Governo Federal (CadÚnico). Além disso, o Brasil também está voltou ao mapa da fome, com mais da metade da população (125,9 milhões) enfrentando algum grau de insegurança alimentar e19 milhões de famintos(as). “Algumas das coisas que mais afetam o bolso das famílias brasileiras é o preço do gás de cozinha e o aumento da energia elétrica”, destaca Diego Liberalino, “e isso passa pelo desmonte da Petrobrás, da Eletrobrás e das demais empresas públicas. Então é hora de ir as ruas também para interromper tudo isso que está ocorrendo”.
Apesar do cenário catastrófico, os veículos tradicionais de imprensa e os grandes conglomerados de mídia parecem não ver as milhões de pessoas que se revoltam e se rebelam contra o genocídio e a barbárie que tomou conta do Brasil, ecoando um profundo silêncio e fazendo não lembrar da estrondosa cobertura das passeatas e atos, por tantas vezes misóginos e fascistas, contra a ex-presidente Dilma Rousseff e em favor do Golpe Parlamentar de 2016.
Ivan Moraes, que durante anos trabalhou como jornalista, afirma categoricamente que “de onde não se espera nada é que não vai sair nada mesmo”. O agora vereador considera importante lembrar a relação entre os conglomerados de imprensa com as elites financeiras, bem como seus interesses capitalistas. “Por mais que algumas vezes tentem passar uma certa percepção ou de isenção, ou de preocupação quanto ao governo Bolsonaro, os seus parceiros no sistema bancário e no agronegócio do desmatamento estão ganhando muito dinheiro; não tem como a gente esperar que os conglomerados, aliados do grande capital e que impulsionaram o golpe, estarão ao lado da democracia, por isso, por isso, a população precisa compreender que necessita contar com a imprensa sindical, a comunicação pública e com a mídia independente. Buscar a verdade através daqueles que não estão comendo dinheiro nem do governo e nem do grande capital”.