Ditadura Nunca Mais! Sem Anistia para golpistas!
Independente da posição institucional do governo federal, por evitar aumento do desgaste com a caserna diante da crise instalada hoje no interior das forças armadas brasileiras, a sociedade civil tem o dever de resgatar a memória da instalação do regime militar de 60 anos atrás, através de um golpe que depôs o governo regular da época, eleito através do voto popular. A passagem do dia 30 de março para o primeiro dia de abril é o marco dessa mancha da história brasileira que durou 21 anos.
Mais de duas décadas de silenciamento, censura, perseguições, autoritarismo, prisões, torturas e assassinatos, que seguem deixando de um lado um legado de desaparecidos, famílias desmontadas e aumento estrutural das desigualdades sociais, enquanto por outro, enriquecimento ilícito, injustos privilégios para herdeiros de militares e um desprezo ainda presente pela democracia.
Na argentina, que vivenciou sete anos de regime militar, e tem hoje um governo eleito de extrema direita, desde de 2023 conta com um espaço de memória pelas vítimas da ditadura, sendo inclusive reconhecido como Patrimônio Mundial da Unesco. O Chile, que teve sua história abalada por 17 anos de uma ditadura militar sangrenta, conta hoje com um governo de centro esquerda e no ano passado realizou eventos públicos que registraram a passagem dos 50 anos da deposição de Salvador Allende, presidente eleito e assassinado pelos militares. Passar essa data no Brasil, de 60 anos da derrubada da democracia para a instalação de um regime autoritário, sem realizar o devido resgate, infelizmente, é “passar panos quentes” com quem no dia 8 de janeiro de 2023 atentou novamente contra o regime democrático.
A memória é um elemento estruturante para a consolidação da história e se o governo não o faz hoje em nome da governabilidade, a sociedade civil organizada, através dos movimentos sociais, sindicatos, partidos e organizações comprometidas com o Brasil, assume essa bandeira contra ditaduras e sobretudo por responsabilização dos golpistas de janeiro de 2023, tanto os militares quanto os civis.