Crônica de um petroleiro: Trabalho e compromisso social. Uma história de força e luta
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) foi criada em 1994, fruto da evolução histórica do movimento sindical petroleiro no Brasil, desde a criação da Petrobrás, em 1953. É uma entidade autônoma, independente do Estado, dos patrões e dos partidos políticos e com forte inserção em suas bases.
Desde meu primeiro mandato, acompanho e participo de inúmeras atividades em defesa e conquistas da categoria petroleira, dentre elas a brigada petroleira que esteve em Brasília, fazendo interface com parlamentares sobre o PLC 531/2009, e sua importância do controle estatal sobre a exploração e produção de petróleo e gás, assim como a sua destinação social, destacando que o fundo social soberano proposto pelos movimentos sociais destinava os recursos excedentes do petróleo para áreas como educação, saúde, reforma agrária, habitação e demais políticas voltadas para a redução da desigualdade social.
Como dirigente da FUP, tive a oportunidade de estar adiante como Articulador Social Nacional do Projeto MOVA-Brasil, desenvolvido por meio de uma parceria entre Instituto Paulo Freire (IPF), FUP e Petrobrás. O projeto caracteriza-se pelos objetivos a que se propõe, pelo público a que se destina e pelo seu alcance. Ele visa a inclusão social e a garantia do direito humano à educação, a redução do analfabetismo no Brasil, a geração de trabalho e renda, além de contribuir para a construção de políticas públicas para a educação de jovens e adultos, sobretudo nos Estados brasileiros com expressivos e inadmissíveis índices de analfabetismo. Uma iniciativa de extrema relevância social em nosso país.
O Projeto MOVA-Brasil, fundamentado nos referenciais filosóficas políticas e pedagógicas de Paulo Freire, além de contribuir com o processo de alfabetização de inúmeros cidadãos e inúmeras cidadãs desse país, garante formação inicial e educação continuada a todos os envolvidos direta (monitores) e indiretamente (coordenadores locais e de polo) nas ações do projeto. São realizados encontros presenciais de formação e, para compartilhar reflexões e aprendizados, são promovidos encontros de alfabetizandos e também encontros de monitores e coordenadores (locais e de polo), além de acompanhamento com ações a distância e participação em encontros político-pedagógicos como o Encontro Nacional de Educação de Jovens e Adultos (ENEJA), Fóruns de Educação de Jovens e Adultos (EJA), Fórum Social Mundial e o Fórum Mundial de Educação.
Em 2011, por exemplo, os articuladores de todas as regiões do país participaram do Fórum Social Mundial, em Dakar, na África. A FUP coordenou uma oficina sobre o Projeto MOVA-Brasil, na qual os articuladores puderam ter contato com outras realidades, outras culturas e compartilhar experiências com movimentos sociais de várias partes do planeta. Um momento em que tiveram a oportunidade de perceber mais claramente o problema da educação como um fenômeno social mundial e de como, com as diversas reflexões e experiências compartilhadas, poderiam fortalecer as experiências locais. Os articuladores ampliaram, ainda mais, a dimensão social do trabalho que realizam.
Hoje, estamos diante de um governo privatista que vem retirando direitos. É um momento em que temos inúmeros desafios, dentre eles a manutenção dos direitos que foram conquistados (principalmente no período entre 2003 e 2016) e que, agora, estão em risco nesta negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Temos que fazer um enfrentamento com a Petrobrás, onde a mesma retorne a ser uma empresa integrada e cumpra o seu papel importantíssimo para nossa economia, bem como resgatar nossa democracia.
Estamos vivenciando uma crise e o Capital se aproveita da pandemia para retirar direitos e aumentar a exploração no mercado de trabalho. Com certeza, é inevitável as mobilizações e greves para se contrapor a esse atual governo desastroso.