Números da Covid-19 seguem aumentando e escancaram irresponsabilidade do Plano de Convivência com o vírus
Texto: João Lucas Gama
Ao longo desta semana, Pernambuco tem registrado um aumento significativo no número de casos do novo Coronavírus, bem como o crescimento dos óbitos em decorrência da doença. O fenômeno se dá em meio ao avanço prematuro do chamado Plano de Convivência com a Covid-19, anunciado no dia 1º deste mês, e que prevê a reabertura gradual das atividades econômicas. Segundo informações do boletim epidemiológico, divulgado na quinta-feira (11) pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde do estado (CIEVS-PE), 263 pacientes infectados com o vírus estão internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Este é o maior índice registrado pelo terceiro dia consecutivo.
Ao todo, nove estados brasileiros possuem mais de 80% de lotação nos leitos de UTI destinados para pacientes da Covid-19 nos hospitais da rede estadual; entre estes, os estados do Amapá, Pernambuco, Acre e Rio Grande do Norte são os que apresentam os quadros mais preocupantes. Atualmente, o estado possui 711 leitos de UTI, porém o grau de ocupação desses leitos corresponde a 94%, além de 16.557 casos diagnosticados com a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e 26.437 casos leves, de acordo com dados do Portal de Transparência de Pernambuco.
Em entrevista coletiva, concedida na noite da quinta-feira, o secretário estadual de saúde, André Longo, afirmou que o aumento de casos em tão poucos dias se devia ao maior número de testagem em pessoas assintomáticas. Segundo diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, pessoas assintomáticas também transmitem o novo Coronavírus. Esse alerta se mostra preocupante diante da antecipação de etapas do Plano de Convivência com a Covid-19.
Após o aumento do número de casos registrado ao longo desta semana, o Governo de Pernambuco decidiu barrar a antecipação da reabertura dos Shopping Centers, que aconteceria na fase 3 do plano, a mesma fase em que aconteceria a retomada das atividades presenciais do serviço público (ainda sem data prevista).
Com a possibilidade de contágio através de pessoas assintomáticas ou pré-sintomáticas, há uma forte possibilidade de que o retorno das atividades presenciais do serviço público coloque em risco a vida de trabalhadores e trabalhadoras. Até o fechamento desta matéria, o estado havia registrado 42.994 casos confirmados e 3.633 mortes.
O governador Paulo Câmara tem a sua frente dois caminhos possíveis: seguir o bom-senso e manter as medidas de isolamento social até que os índices de contágio e óbitos estejam realmente estabilizados (a exemplo de outros países que já caminham com a retomada das atividades econômicas, como Espanha e França); ou ceder às pressões políticas d’O Mercado e lavar suas mãos em uma bacia de sangue.
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