Nota de repúdio ao despejo do Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais

Na madrugada da última quarta-feira (12), a Polícia Militar de Minas Gerais, a mando do governador Romeu Zema (Partido Novo), iniciou uma violenta ação para retirar 450 famílias que vivem no Quilombo Campo Grande, localizado no município de Campo do Meio, no sul do estado. Organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), há mais de 20 anos essas pessoas ocupam as terras da antiga Usina Ariadnópolis, que pertenceu à Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia) que, no final da década de 1990, veio a falência, deixando os trabalhadores da usina sem indenização alguma. Atualmente, vários desses antigos funcionários fazem parte do acampamento, cultivando a terra de maneira agroecológica, sem uso de agrotóxicos.

Desde o dia 30 de julho, o Quilombo já vem sendo vigiado pela PM, através de drones, rondas e blitz colocadas nas rotas de acesso da região. 12 dias depois, teve início a truculenta ação de despejo que acontece neste exato momento e de maneira chocante. “As famílias do acampamento Quilombo Campo Grande estão há mais de 48h na resistência, segurando esse despejo criminoso que o governador Romeu Zema está sendo conivente. Isso só aponta para nós como ele está alinhado com o fascismo do presidente”, diz Geanini Hackbart, responsável pela Comunicação do MST, em Minas Gerais.

Na quinta-feira (13), a Polícia ateou fogo no acampamento e fechou rotas de acesso ao local, impedindo a chegada de alimentos, militantes, apoiadores e até mesmo da imprensa e de ambulâncias. Há registro de pessoas feridas. Nas redes sociais, circulam vídeos em que policiais ameaçam homens, mulheres, crianças e idosos com o avanço Tropa de Choque. “Hoje a polícia avançou com helicópteros para cima das famílias. O cerco continua, mas nós estamos esperançosos e acreditamos na resistência popular, acreditamos no apoio da sociedade às pessoas que produzem os alimentos saudáveis, que constroem a agroecologia e um outro modo de vida para esse mundo (que está doente)”, comenta Geanini.

Ela relata que o conflito na região já acontece há anos e que “há muitos anos nós construímos essa resistência; porém, desde o golpe contra a presidenta Dilma e diante do governo que nós temos (tanto no estado, quanto no Brasil), os latifundiários, criminosos e estelionatários se sentem autorizados a cometer qualquer tipo de violência contra o povo Sem Terra, o povo trabalhador e as pessoas que constroem esse país”.

O movimento acredita que o caso se deve a uma manobra política junto ao poder judiciário da região. “O Geovani, que é o proprietário da terra, se articulou na política e com o estado para conseguir mudar uma decisão que já havia sido tomada, que era um despejo de 26 hectares, porém a partir dessa manobra eles ampliaram a área, para atingir mais famílias e é isso que está acontecendo no momento”.

Ainda na quinta-feira, o MST recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), a fim de reverter a ordem de despejo. “Nós já havíamos nos retirado da área da sede da Capia e os recursos no judiciário, já estão muito escassos, então a gente anseia pela resposta do STJ o mais urgente possível, para garantir a vida das pessoas que estão lá. É um atentado contra a saúde e são muitas horas de enfrentamento e de violência. Então, a gente espera que a Justiça seja feita e que as famílias permaneçam no local”.

Uma publicação feita pelo site do MST revela que “A polícia não soube apontar um local para acolher as famílias ou levar as criações dos camponeses e chegou a sugerir que elas deveriam ir para a Vila Vicentina, onde se concentram os casos confirmados de Covid-19 na cidade”. Dessa forma, a Polícia Militar e o governador Romeu Zema demonstram não apenas o claro alinhamento ao projeto neofascista bolsonarista, quanto também sua total indiferença à vida de 450 famílias.

O Sindipetro PE/PB repudia o que está sendo posto em prática por Zema no Quilombo Campo Grande. No Brasil, o uso do braço armado do Estado para perseguir e criminalizar as populações campesinas e quilombolas são históricas; bem como também é histórica a negação, por parte do Estado, às condições mínimas de dignidade que todo brasileiro e toda brasileira possui como direito inalienável, garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pelo Artigo 6º da Constituição Federal.

Entendemos que qualquer prática que negue a condição de cidadão/cidadã, ou mesmo impeça o pleno exercício da cidadania é algo criminoso. É desumano arrancar o trabalho, a terra e a casa de alguém, pois fazendo isso, não se nega apenas o direito à cidadania, nega-se também o direito dessas pessoas de existir. Acreditamos que a força do povo prevalecerá. Declaramos aqui, todo o apoio ao Quilombo Campo Grande.

Ajude você também

Participe da petição online contra o despejo do acampamento, que será entregue ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O movimento pede que os apoiadores e as apoiadoras enviem uma mensagem ao site do tribunal, através do link http://www.tjmg.jus.br/falecomtjmg/.

Ressarcimento de IR no HRA e do abono do PCR

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TV SINDIPETRO PE/PB